Chinês Escrito e Chinês Falado – Esclareça Suas Dúvidas

Chinês Escrito e Chinês Falado – Esclareça Suas Dúvidas

A Língua Chinesa é dividida em duas partes: a língua escrita (书面语 shūmiànyǔ) e a língua falada (口语 kǒuyǔ). As diferentes formas de escrita e os diferentes dialetos causam uma confusão na cabeça dos iniciantes na cultura e língua chinesa. Mas, afinal, como começar a aprender? Os chineses que falam diferentes dialetos conseguem se comunicar entre si? Abaixo, esclareço as dúvidas mais frequentes sobre chinês escrito e chinês falado.

Chinês Escrito

A escrita chinesa é baseada no “desenho”. Cada um desses “desenhos” são feitos dentro de quadrados imaginários de mesmo tamanho, e são compostos por alguns traços básicos. Esses “desenhos” são chamados de ideogramas (汉字 hànzi – literalmente: “escrita Han”), e têm a função de transmitir os sentidos das falas. A China possui apenas uma escrita principal, que é chamada literalmente de chinês (中文 zhōngwén). Atualmente, o chinês escrito divide-se em duas categorias: simplificado (简体 jiǎntǐ) e tradicional (繁体 fántǐ). 

chinês escrito e chinês falado - tradicional x simplificado
Mesma palavra escrita em chinês tradicional (à esquerda – preto) e em chinês simplificado (à direita – vermelho).

O chinês tradicional foi a única escrita utilizada na China até 1946 – basicamente, o chinês tradicional engloba qualquer ideograma chinês criado até esse ano – e possui mais traços do que o chinês simplificado. Atualmente, seu uso na China continental se restringe a situações muito específicas, como caligrafia (书法 shūfǎ) e uso informal. Porém, o chinês tradicional ainda é a escrita predominante em Hong Kong, Macau, Taiwan, e em países com comunidades chinesas mais antigas. Um fato interessante é que a escrita kanji, do japonês, é derivada do chinês tradicional. Por exemplo, em kanji, a palavra “kanji” se escreve da mesma forma que a palavra “ideograma” em chinês tradicional (漢字 hànzi – ou kanji, em japonês).

O chinês simplificado é normalmente a escolha dos alunos de chinês. Além da escrita ser – como diz o próprio nome – simplificada, é a forma predominante na China continental, sendo amplamente adotada a partir da década de 50. Muitos dos ideogramas ainda são iguais ao chinês tradicional, facilitando também a leitura para quem sabe uma das duas formas. Não é preciso dizer que o chinês simplificado é muito mais usado no dia-a-dia do que o tradicional, já que é a forma escolhida pela China continental.

Chinês Falado

A língua falada é a pronúncia das escritas (ideogramas). Cada ideograma, no entanto, pode ter mais de uma pronúncia. Da mesma forma, uma mesma pronúncia pode representar ideogramas diferentes. 

Existem muitas línguas faladas no território da China. Nós chineses costumamos denominá-las de dialetos (方言 fāngyán). Apesar dessa denominação, cada dialeto poderia ser considerado uma língua por si só, já que tendem a ser mais diferentes entre si do que o Português e o Espanhol, por exemplo. 

Um desses dialetos é o Mandarim (官话 guānhuà / 普通话 pǔtōnghuà). Além de ser o dialeto oficial da China, também é uma das seis línguas oficiais das Nações Unidas. O Mandarim também é o dialeto de escolha da maior parte dos alunos.

Cabe notar que a maior parte dos dialetos chineses usa a mesma escrita. Ou seja, uma pessoa que não fala Mandarim, mas outro dialeto, consegue entender um texto escrito em chinês por alguém que só fala Mandarim. Mesmo que sejam dialetos diferentes a ponto de a comunicação oral se tornar bem limitada, a língua escrita os une. Isso acontece pois os ideogramas não são necessariamente representações de som/pronúncia, mas sim representações de “ideias”, como diz o próprio nome. Claro, há variações de vocabulário (principalmente coloquial) e na formação de frases típicas de cada dialeto, mas em geral os ideogramas por si só transmitem o sentido. Alguns dialetos são mais parecidos uns com os outros, mas há casos em que isso não acontece, como Mandarim x Cantonês (粤语 yuèyǔ / 广东话 guǎngdōnghuà), por exemplo.

Conclusão

Existem diferentes combinações de chinês escrito e chinês falado. Em geral, quando se fala em língua chinesa, refere-se ao Mandarim com chinês simplificado. Para aprender chinês, principalmente Mandarim, a dica é começar com a pronúncia (ou fonética). O método de fonética mais comum do Mandarim é o pinyin (拼音 pīnyīn), que é um sistema formado por 26 letras do alfabeto latino e quatro tons (音调 yīndiào) mais um tom neutro. Além de fundamental para desenvolver uma boa pronúncia de Mandarim, o pinyin também tem o papel de “transformar” os ideogramas em sons (ou pronúncias).

Sobre o Autor

Rafael Wu (伍粤湘)

PROFESSOR DE CHINÊS

Nascido em Taishan (台山), na província de Guangdong (广东), sudeste da China, Rafael Wu (伍粤湘) chegou em São Paulo aos 15 anos. Grande conhecedor da cultura e história tanto chinesa quanto brasileira, atualmente iniciou a carreira ensinando chinês aos nativos de português. Os interessados podem entrar em contato ou continuar acompanhando o Conexão China, onde ele irá postar mais conteúdos básicos de chinês.